sábado, 25 de março de 2023

 Em junho de 2017, minha Esposa Shirley, e eu, o Serafín, com 70/71 anos, respectivamente, iniciamos a nossa primeira aventura de Moto, porém, nunca antes tinha pilotado qualquer moto que fosse. Após receber a Habilitação tipo "A" estávamos prontos para pegar a estrada. Eu estava super apreensivo, Shirley apavorada. Mesmo assim, tínhamos como propósito realizar uma viagem ao redor do mundo, sem "desistir jamais" e com o correr dos km rodados, estas duas pequenas, mais poderosas, palavras tornarem-se em nosso encorajador "bordão". Aprendi a pilotar na Estrada a bordo de uma HONDA CG 160 TITAN, a viagem levou um ano e meio, mais de 32 Mil km e muitos "perrengues e estórias" para serem contadas. Entre elas, o da quebra do fêmur da perna direita de Shirley que nos deixou quatro meses e dez dias estacionados na cidade do Rio de Janeiro, RJ. Foi quase no início da Aventura, tínhamos rodados, nossos primeiros cinco mil km entre a cidade de Pinheiro, MA e a de Rio de Janeiro, RJ. Bom é dizer que o acidente não foi de moto, foi na ciclovia no Recreio dos Bandeirantes onde estávamos hospedados e ao tentar atravessá-la, uma bicicleta quase atropela Shirley, com o susto ela deu um passo para trás, tropeçou com o meio fio, sofreu uma queda de costas acontecendo o improvável, a fratura, o que lhe rendeu uma placa de titânio, um pino e quatro parafusos. Mesmo assim, ela com seu espírito indomável, resiliente e fiel as suas convicções e ao nosso bordão, não desistiu em momento algum deste nosso grande sonho e continuamos, enfrente. Resultado, percorremos os 27 Estados do Brasil, de Capital em Capital, a República da Guiana, Suriname, Guiana Francesa e Uruguai. Desde então passaram-se 04 (Quatro) anos onde tive a fatalidade, em junho de 2020, de perder a minha grande e amada companheira devido a um câncer de mama fulminante. Já se passaram 30 meses da sua partida e neste meio tempo, consegui sobreviver a solidão da sua ausência, a pandemia do COVID 19 e a muito custo, controlar a dor que oprime o meu velho coração. Então, alguns dias atrás, compreendi de que ela não iria gostar nem um pouco me ver abatido, triste, amargando uma culpa sem razão e com medo de enfrentar a estrada sozinho. Sendo assim, depois deste tempo todo, decidi reagir e voltar para a estrada a procura da cura para a minha alma. Chegou a hora de enfrentar de uma vez por todas os meus fantasmas, a falta de recursos e a soledade da estrada. Só tenho uma única opção, uma única razão nesta vida, seguir em frente, sem "desistir jamais" e mesmo ante a possibilidade da morte na Estrada, a minha alma não descansará até completar o nosso Grande Sonho…

  Em junho de 2017, minha Esposa Shirley, e eu, o Serafín, com 70/71 anos, respectivamente, iniciamos a nossa primeira aventura de Moto, por...